Coisas da idade…
Entrei na taberna do latoeiro. A algazarra era ondejante,
como olas num estádio.
O Jaquim no meio da sala, caneta,
de escrever para o futuro, em punho.
Eu tinha conhecido este feito
heróico ao Jaquim, há mais de 30 anos. Ele partia nozes com a dita caneta de
escrever para o futuro (e ele tinha, com essa mesma caneta, escrito uma boa
meia dúzia de filhos, por aqui e por ali).
30 anos passaram, Jaquim voltou
das estranjas e não resistiu ao pedido de uns amigos. Mas, para espanto meu, em
cima do banquito de madeira onde o Jaquim partia as tais nozes, repousavam
agora dois Cocos (dois valentes Cocos de coqueiro). E o Jaquim não se fez rogado. Espeta
uma pancada certeira e surda em cada coco que, de imediato, se renderam em
metades. O bruaá alongou-se de canto a canto, sem lágrimas e sem pranto…
dassss-se!!!!
Ilustração de Paula Marques (Obrigado) |
Intervim:
- Jaquim, voltaste? E com mais
pujança ainda? Como se explica tal façanha? E nem te doeu a caneta!!
Respondeu-me o Jaquim, por cima
dos óculos (mas também por cima da burra):
- Sabes, a idade não perdoa… Já
não vejo como via dantes, tenho
dificuldade em acertar nas nozes…
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