Nem tanto!
O Jaquim, da minha terra, lá onde o sol manda nas pedras
frias e a lua as mima no escuro da noite, trabalhava à jorna, para patrão
generoso e justo.
O Jaquim cavava, o Jaquim semeava, o Jaquim colhia… Pouco
reclamava, pouco comia…
Era um Jaquinzinho económico para a economia…
Certo dia, quando sol abrasava, andava o Jaquim lançando à
terra, sua madrasta, grãos de trigo, enquanto patrão, suores de alambique de
tanto incentivar a labuta, olhava turvo o campo e nele a sombra pálida do
Jaquim.
O Jaquim. Cortesia de Paula Marques (Muito Obrigado) |
- Jaquim, meu rapaz, temos que aumentar a tua eficiência
laboral!
- Diga meu amo, diga… (respondeu o Jaquim, prontamente e
pedindo ao patrão desculpa por estar a ser abusado e ainda assim permanecer de
costas).
- Jaquim. Se no mesmo compasso com que semeias com a mão
direita também adubares com a mão esquerda, ganhas tempo (e eu dinheiro).
Assim aceitou o submisso Jaquim. Semeava com uma e adubava
com a outra. Nada tardou até estar a semear com uma, adubar com a outra, e
cobrir a semente com um pé e alisar a terra com o outro… A Máquina tornou-se
eficientíssima. Mas o Jaquim cada vez chegava menos eficaz a casa.
Estava o Patrão do Jaquim pouco preocupado com o Princípio
de Gestão que diz que não há quantidade de eficiência que justifique a perda de
eficácia. A eficiência corria a seu favor… A eficácia doméstica do manso Jaquim
era um problema dele…
Quando, no tarde entardecer das mansas horas da melancolia,
um dia o Jaquim entrou… cansado e rastejante, em casa, deparou-se com cenário
anunciado. A Maria tinha arranjado solução de vizinho para a falta de eficácia
do Jaquim.
- Jaquim! Isto não é o que tu julgas… calma!!! (suplicou a
Maria aos Gritos).
- SSSSShhhhh (suplicou o Jaquim). Não digam nada a ninguém.
Se o meu patrão sabe, pendura-me um lampião em cada corno e pede-me para
trabalhar durante a noite….
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