E o Cheiro?
Ilustração de Danille-Mae (Beijinhos) |
O Jaquim, da
minha terra, rapaz, sem tempo, da idade dos rapazes da sua idade, era moço
pouco dado a banhos e outros mimos de cuidado hirsuto.
Imundo e grosso
descia com regularidade ao povoado, para lavar a alma por dentro, na taberna do
latoeiro. Ainda assim pouca água e essencialmente ardente.
Vinha sempre na
solitária companhia de um farto enxame de moscas da merda, que o gravitavam
qual núcleo atómico radioactivo do mais charmoso fedor.
Consta que, o
Jaquim, vivia confortável, num (modernamente conhecido como T zero), com vista
para a estrumeira exterior, três por quatro, minimalista. Uma manjedoira para o
Bode Jasmim e outra para ele, da qual fazia majestoso divã. Por outro palavrear,
num curral.
Um dia, entre
dois dedais de bagaço, para afugentar a pulga, amolentar a carrapata e fumigar
a melga, os amigos perguntaram-lhe em fundo de gargalhada:
- Ó Jaquim,
vives lá com um Bode, num curral? É verdade?
O Jaquim acenou
orgulhoso, afagando o cabelo e a barba, com o cebo de mais de 30 anos: - Pois…
- Então e o
Cheiro Jaquim? – Perguntou o Cocas.
- O Cheiro? (Intrigou-se
o Jaquim, coçando a pança), acho que o Animal já se habituou!!!
Sem comentários:
Enviar um comentário